Embora sabendo que juridicamente este suposto Testamento Vital de nada serve em Portugal, eu quero decidir hoje, dia 26 de Junho de 2009, em plena consciência e no uso da minha total autonomia e autodeterminação, de forma responsável e livre, sobre os cuidados médicos que desejo receber num problema clínico em que eu não goze de capacidade, física ou intelectual, para o fazer.
Não aceito que me sejam efectuados tratamentos fúteis ou desproporcionados ou desnecessários, que me prolonguem artificialmente a vida, caso esteja incapacitada de exprimir a minha vontade.
Não quero ficar ligada a um ventilador, não quero ser alimentada artificialmente se estiver em estado vegetativo irreversível e persistente, incluindo a sonda gástrica.
Não quero reanimação se me encontrar em estado terminal, se me encontrar em coma sem perspectiva de recuperação da consciência ou com falha permanente de funções vitais que não pode ser tratada.
Não quero encarniçamento terapêutico (excessiva intervenção através de exames, tratamentos ou outros) em fase terminal da vida ou em morte cerebral nem terapia de manutenção da vida para adiar a morte ou prolongar o meu sofrimento sem perspectiva de melhoramento.
Quero que me sejam administrados cuidados paliativos. Qualquer tratamento deve limitar-se a medidas necesssárias para me manterem confortável, lúcida e sem dor ou sofrimento, incluindo os que possam ocorrer como consequência da suspensão ou interrupção de tratamentos.
As decisões contidas neste testamento vital foram tomadas após uma reflexão profunda e representam a minha posição fundamental ética em relação a questões de um cancelamento de tratamento. Numa situação concreta, na qual seja necessário decidir sobre um cancelamento das medidas de tratamento que são aplicadas na minha pessoa, solicito aos meus médicos que aceitem este testamento vital como vinculativo e procedam de acordo com a minha vontade.
Importante: se, devido a leis alternantes, esta decisão tenha que ser tomada por um tribunal, nesse caso concedo plenos poderes ao procurador constituído para obter o consentimento do tribunal também com a ajuda de um advogado.
Eu gostaria de poder morrer com dignidade e em paz, se possível no meu ambiente familiar.
Mais gostaria de ser cremada e que as minhas cinzas fossem espalhadas debaixo da grande araucária da casa das Almas, em Ponta Delgada.
Nomeio a minha filha como procuradora da minha vontade no que respeita ao fim da minha vida e, na sua ausência, o meu filho. Quero e desejo que a respeitem.