O meu Bonifácio está grande e aprendendo a voar melhor… É um menino macho, pela cor das penas. Tenho que me preparar para o dia em que ele irá abandonar este lar provisório. O pardal não é adequado a cativeiro – é livre e solto. Gostava que voltasse ao seu habitat de origem, no Alentejo.
Como já sabem resolvi arriscar e cuidar de um pardal quase em estado embrionário, sem penas, sem mãe e sem irmão, acompanhado de dois ovinhos que não chegaram a eclodir, sabendo que a possibilidade seria de 99% de sobrevivência. Passaram-se 3 semanas e fiquei feliz por ter resistido. Agora já tem penas e come como um leão…
Perguntam-me o que lhe dou de comer. Puxei pela cabeça para chegar a uma ementa equilibrada…partindo do principio de que, em liberdade, os pardais comem sementes, cereais, insectos e larvas ou minhocas.
Ponho um pouco de carolo de milho (uma farinha grossa, amarela, que se compra em qualquer super), um pouco de couscous e um pouco de flocos de aveia ou de centeio (só os adicionei após 2 semanas). Cubro +- o dobro do volume de água. Levo ao microondas até levantar fervura. Deixo arrefecer para ver a consistência: se estiver muito grosso ou espesso adiciono água até ficar uma pasta relativamente mole que se assemelhe à massa regurgitada pela verdadeira mãe. Esta é a base da alimentação que guardo fechada no frigorifico, porque dá muita quantidade. (Nota: Um pouco = +- uma colher de chá mal medida.)
Retiro uma colher de chá de papa e adiciono meia fatia de ovo cozido picado com um garfo (gema e clara substituem as proteínas dos insectos, larvas ou minhocas). Umas vezes dou-lhe esta combinação, outras só a mistura de cereais. Se estivesse muito frio dar-lhe-ia um pouco de manteiga diluída nos cereais.
Como já está crescidinho também lhe dou bolacha Maria, bolo seco ou miolo de pão de mistura, tudo esfarelado e seco. As sementinhas próprias para pássaros ainda não são da sua predilecção… Os pardais pequenotes bebem pouca água e só hoje dei pelo jeito do meu pardal beber água sozinho. Também não toma banho como os outros passarinhos costumam fazer… Há duas noites começou a dormir no poleiro da gaiola…em vez de se esconder no pano…
Toda a comida é dada na boca até eles saberem bicar. Água em gotas. O meu já bica na palma da minha mão, gosta muito de roer as minhas unhas e conhece-me a voz. Anda muito livre pela casa… empoleirado no meu dedo ou nas grades exteriores da gaiola. Tento esticar-lhe as asas, obrigando-o a voar pequenas distâncias. Pula pelo chão e suja tudo… (quase arrisco dizer que o pardal é o único pássaro que dá pulos). Adora festas e quantas vezes adormece na curva do meu braço ou na palma da minha mão… Ninguém acredita: mas quando vêem, pedem para fotografar, tal o espanto…
Nos primeiros dias ficava escondido no núcleo do ninho, que recolhi e acondicionei numa caixa de papelão. Piava quando tinha fome. Mais tarde substituí o ninho sujo por um bocado de pano turco velho, tentando envolvê-lo sem o asfixiar. Dormiu assim 2 semanas até que desapareceu e eu levei duas horas procurando o pardal pela casa… Encontrei-o escondido no rolo de um tapete e vivo. Nesse dia comprei uma gaiola onde o coloco quando não posso olhar por ele… e também muito útil nas viagens… Arranjei um filho pardal, que anda comigo para todo o lado…mesmo para o Algarve. É uma companhia e peras! Pia que se farta (deve enjoar de carro, digo eu…)
sinto-me: pardala mamã